- Marcos Santos, Ph.D
- câncer de tireoide, carcinoma papilífero
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A tireoide é uma glândula endócrina com uma estrutura em forma de borboleta. Sua principal função é gerar e secretar os hormônios tireoidianos na corrente sanguínea. Os hormônios tireoidianos auxiliam no aproveitamento de energia, no controle da temperatura corporal e no funcionamento adequado de órgãos vitais como o coração, o cérebro e os músculos.
O câncer de tireoide é o câncer mais comum do sistema endócrino¹ e afeta três vezes mais mulheres do que homens. Mesmo sendo um tipo de câncer não agressivo na maioria dos casos, principalmente se for diagnosticado de forma precoce, é importante se atentar aos sintomas. Este câncer também pode ser chamado de carcinoma, que é o tipo de câncer mais comum em seres humanos e recebe esse nome pois tem origem nos tecidos epiteliais (como são chamados a pele e os tecidos que revestem a maioria dos nossos órgãos).
Existem diferentes tipos de carcinomas na tireoide, eles são classificados dependendo da origem celular do tumor. A maioria dos cânceres tem origem na célula folicular e podem ser classificados de 3 maneiras, a depender das características da célula:
- bem diferenciados: nessa categoria incluem o carcinoma papilífero (entre 50% e 80% dos casos) e o folicular (de 15% a 20% dos casos);
- pouco diferenciados: (cerca de 10% dos casos);
- indiferenciados, ou carcinoma anaplásico: (também cerca de 10%)² .
Agora, se o tumor for proveniente de uma célula parafolicular ou célula C, ele é conhecido como Carcinoma Medular de Tireoide.
Carcinoma papilífero
O carcinoma papilífero é o câncer mais comum de tireoide, podendo chegar a 80% da incidência. É uma neoplasia maligna bem diferenciada, com origem nas células foliculares tireoidianas. Pode ocorrer em qualquer idade e normalmente tem um crescimento lento, e em alguns casos podem se espalhar para os gânglios linfáticos.
A boa notícia é que ele tem uma perspectiva de cura excelente, mesmo se houver a disseminação para os gânglios adjacentes à tireoide.
Sintomas
Nem sempre surgem sintomas, mas podemos citar alguns, sendo o principal deles o nódulo na tireoide, mas além deste temos:
- dor na parte da frente do pescoço, que pode irradiar para os ouvidos
- rouquidão ou mudança no timbre de voz que não passa com o tempo
- dificuldade para engolir
- dificuldade para respirar, como se você estivesse respirando por um canudinho
- tosse que não passa e não é causada por gripe
Quando é encontrado o nódulo na tireoide, o médico solicita o ultrassom e caso este seja suspeito ao ultrassom, é indicada a realização da PAAF (Punção aspirativa por agulha fina), para identificar se aquele nódulo é benigno ou de fato maligno, além de analisar as características das células extraídas para diagnosticar o carcinoma papilífero se for o caso.
Se a PAAF diagnosticar câncer de tireoide papilar, mais testes serão necessários para saber a extensão do câncer antes da cirurgia. Uma ultrassonografia da tireoide, da frente e dos lados do pescoço é recomendada, se ainda não tiver sido feita, além disso, pode-se recorrer aos testes moleculares como o mir-THYpe pre-op.
O mir-THYpe pre-op irá analisar as células da lâmina da PAAF já coletada anteriormente pelo paciente, e investigará se aquele nódulo maligno que irá para cirurgia tem algumas mutações que possam indicar se ele é mais ou menos agressivo, auxiliando o médico na extensão e no planejamento da cirurgia daquele paciente, fornecendo uma cirurgia mais personalizada e assertiva, pois considera as características genéticas de cada caso.
Tratamento
Normalmente, cânceres de tireoide são tratados com a cirurgia para remover toda ou parte da tireoide. Por muitos anos, a tireoidectomia total foi a opção padrão para todos os casos de pacientes com câncer de tireoide.
Porém, isso vem mudando, com alguns pacientes sendo elegíveis a cirurgias menores, como a lobectomia (cirurgia parcial), que pode ser igualmente eficaz e de baixo risco, e traz como principal benefício a possibilidade de muitas vezes não necessitar da reposição dos hormônios tireoidianos ou, em alguns casos, uma redução na dose recomendada.
Após a tireoidectomia, a depender da classificação de risco do tumor, uma opção que pode ser considerada é a iodoterapia. Este tipo de tratamento é usado para destruir pequenas células cancerígenas que possam ter restado no corpo. Consiste na ingestão de uma pequena quantidade de iodo marcado com moléculas radioativas. É uma técnica eficaz e segura que deve ser realizada por médicos especializados.
Mas a cirurgia é sempre necessária?
Os tumores papilíferos, por serem de crescimento lento, podem ser monitorados com segurança em alguns casos selecionados sem cirurgia. Esta abordagem é conhecida como vigilância ativa e normalmente indicada para tumores menores que 1cm. O tamanho e as características do câncer são monitorados por ultrassom e é acompanhado de perto pelo médico e uma equipe multidisciplinar.
Sempre consulte um médico caso surjam os sintomas ou dúvidas, e nos acompanhe para mais informações sobre tireoide.
Referências
- https://www.tireoide.org.br/cancer-papilifero-da-tireoide/
- https://www.thyroid.org/thyroid-cancer/
- https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/tireoide
- http://www.oncoguia.org.br/conteudo/iodoterapia-para-cancer-de-tireoide/1887/236/
- NCCN Guidelines for Patients 2022 Thyroid Cancer: https://www.nccn.org/guidelines/patients
- Haddad, R. I., Nasr, C., Bischoff, L., Busaidy, N. L., Byrd, D., Callender, G., Dickson, P., Duh, Q., Ehya, H., Goldner, W., Haymart, M., Hoh, C., Hunt, J. P., Iagaru, A., Kandeel, F., Kopp, P., Lamonica, D. M., McIver, B., Raeburn, C. D., Ridge, J. A., Ringel, M. D., Scheri, R. P., Shah, J. P., Sippel, R., Smallridge, R. C., Sturgeon, C., Wang, T. N., Wirth, L. J., Wong, R. J., Johnson-Chilla, A., Hoffmann, K. G., & Gurski, L. A. (2018). NCCN Guidelines Insights: Thyroid Carcinoma, Version 2.2018, Journal of the National Comprehensive Cancer Network J Natl Compr Canc Netw, 16(12), 1429-1440. Retrieved Apr 19, 2023, from https://jnccn.org/view/journals/jnccn/16/12/article-p1429.xml