Conheça mais sobre o câncer de tireoide mais comum, o carcinoma papilífero

A tireoide é uma glândula endócrina com uma estrutura em forma de borboleta. Sua principal função é gerar e secretar os hormônios tireoidianos na corrente sanguínea. Os hormônios tireoidianos auxiliam no aproveitamento de energia, no controle da temperatura corporal e no funcionamento adequado de órgãos vitais como o coração, o cérebro e os músculos.

O câncer de tireoide é o câncer mais comum do sistema endócrino¹ e afeta três vezes mais mulheres do que homens. Mesmo sendo um tipo de câncer não agressivo na maioria dos casos, principalmente se for diagnosticado de forma precoce, é importante se atentar aos sintomas. Este câncer também pode ser chamado de carcinoma, que é o tipo de câncer mais comum em seres humanos e recebe esse nome pois tem origem nos tecidos epiteliais (como são chamados a pele e os tecidos que revestem a maioria dos nossos órgãos).

Existem diferentes tipos de carcinomas na tireoide, eles são classificados dependendo da origem celular do tumor. A maioria dos cânceres tem origem na célula folicular e podem ser classificados de 3 maneiras, a depender das características da célula:

  • bem diferenciados: nessa categoria incluem o carcinoma papilífero (entre 50% e 80% dos casos) e o folicular (de 15% a 20% dos casos);
  • pouco diferenciados: (cerca de 10% dos casos);
  • indiferenciados, ou carcinoma anaplásico: (também cerca de 10%)² .

Agora, se o tumor for proveniente de uma célula parafolicular ou célula C, ele é conhecido como Carcinoma Medular de Tireoide.

ONKOS - Blog - Carcinoma papilifero - Possibilidades de diferenciacao da celula folicular
Imagem 1: Possibilidades de diferenciação da célula folicular. Estende-se do Adenoma folicular considerado um tumor benigno, ao carcinoma anaplásico, câncer mais agressivo na tireoide proveniente de células foliculares.

 

Carcinoma papilífero

O carcinoma papilífero é o câncer mais comum de tireoide, podendo chegar a 80% da incidência. É uma neoplasia maligna bem diferenciada, com origem nas células foliculares tireoidianas. Pode ocorrer em qualquer idade e normalmente tem um crescimento lento, e em alguns casos podem se espalhar para os gânglios linfáticos.

ONKOS - Blog - Carcinoma papilifero - Grafico

A boa notícia é que ele tem uma perspectiva de cura excelente, mesmo se houver a disseminação para os gânglios adjacentes à tireoide.

 

Sintomas

Nem sempre surgem sintomas, mas podemos citar alguns, sendo o principal deles o nódulo na tireoide, mas além deste temos:

  • dor na parte da frente do pescoço, que pode irradiar para os ouvidos
  • rouquidão ou mudança no timbre de voz que não passa com o tempo
  • dificuldade para engolir
  • dificuldade para respirar, como se você estivesse respirando por um canudinho
  • tosse que não passa e não é causada por gripe

Quando é encontrado o nódulo na tireoide, o médico solicita o ultrassom e caso este seja suspeito ao ultrassom, é indicada a realização da PAAF (Punção aspirativa por agulha fina), para identificar se aquele nódulo é benigno ou de fato maligno, além de analisar as características das células extraídas para diagnosticar o carcinoma papilífero se for o caso.

Se a PAAF diagnosticar câncer de tireoide papilar, mais testes serão necessários para saber a extensão do câncer antes da cirurgia. Uma ultrassonografia da tireoide, da frente e dos lados do pescoço é recomendada, se ainda não tiver sido feita, além disso, pode-se recorrer aos testes moleculares como o mir-THYpe pre-op.

O mir-THYpe pre-op irá analisar as células da lâmina da PAAF já coletada anteriormente pelo paciente, e investigará se aquele nódulo maligno que irá para cirurgia tem algumas mutações que possam indicar se ele é mais ou menos agressivo, auxiliando o médico na extensão e no planejamento da cirurgia daquele paciente, fornecendo uma cirurgia mais personalizada e assertiva, pois considera as características genéticas de cada caso.

 

Tratamento

Normalmente, cânceres de tireoide são tratados com a cirurgia para remover toda ou parte da tireoide. Por muitos anos, a tireoidectomia total foi a opção padrão para todos os casos de pacientes com câncer de tireoide.

Porém, isso vem mudando, com alguns pacientes sendo elegíveis a cirurgias menores, como a lobectomia (cirurgia parcial), que pode ser igualmente eficaz e de baixo risco, e traz como principal benefício a possibilidade de muitas vezes não necessitar da reposição dos hormônios tireoidianos ou, em alguns casos, uma redução na dose recomendada.

Após a tireoidectomia, a depender da classificação de risco do tumor, uma opção que pode ser considerada é a iodoterapia. Este tipo de tratamento é usado para destruir pequenas células cancerígenas que possam ter restado no corpo. Consiste na ingestão de uma pequena quantidade de iodo marcado com moléculas radioativas. É uma técnica eficaz e segura que deve ser realizada por médicos especializados.

 

Mas a cirurgia é sempre necessária?

Os tumores papilíferos, por serem de crescimento lento, podem ser monitorados com segurança em alguns casos selecionados sem cirurgia. Esta abordagem é conhecida como vigilância ativa e normalmente indicada para tumores menores que 1cm. O tamanho e as características do câncer são monitorados por ultrassom e é acompanhado de perto pelo médico e uma equipe multidisciplinar.

Sempre consulte um médico caso surjam os sintomas ou dúvidas, e nos acompanhe para mais informações sobre tireoide.

 

Referências

  1. https://www.tireoide.org.br/cancer-papilifero-da-tireoide/
  2. https://www.thyroid.org/thyroid-cancer/
  3. https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/tireoide
  4. http://www.oncoguia.org.br/conteudo/iodoterapia-para-cancer-de-tireoide/1887/236/ 
  5. NCCN Guidelines for Patients 2022 Thyroid Cancer: https://www.nccn.org/guidelines/patients
  6. Haddad, R. I., Nasr, C., Bischoff, L., Busaidy, N. L., Byrd, D., Callender, G., Dickson, P., Duh, Q., Ehya, H., Goldner, W., Haymart, M., Hoh, C., Hunt, J. P., Iagaru, A., Kandeel, F., Kopp, P., Lamonica, D. M., McIver, B., Raeburn, C. D., Ridge, J. A., Ringel, M. D., Scheri, R. P., Shah, J. P., Sippel, R., Smallridge, R. C., Sturgeon, C., Wang, T. N., Wirth, L. J., Wong, R. J., Johnson-Chilla, A., Hoffmann, K. G., & Gurski, L. A. (2018). NCCN Guidelines Insights: Thyroid Carcinoma, Version 2.2018, Journal of the National Comprehensive Cancer Network J Natl Compr Canc Netw, 16(12), 1429-1440. Retrieved Apr 19, 2023, from https://jnccn.org/view/journals/jnccn/16/12/article-p1429.xml
Marcos Santos, Ph.D
Biólogo molecular, pesquisador, doutor em genética humana e fundador da Onkos Diagnósticos Moleculares