- Marcos Santos, Ph.D
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O câncer de tireoide é o câncer mais comum do sistema endócrino¹ e afeta três vezes mais mulheres do que homens. Ainda que tenha um bom desfecho quando detectado precocemente, é importante ficar atento aos sinais da doença. Confira mais informações ao longo deste conteúdo.
O Câncer de tireoide no Brasil
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA)¹ estimam que anualmente serão diagnosticados no Brasil cerca 16.660 novos casos de câncer de tireoide (1.830 em homens e 11.950 em mulheres), sendo esse o 5° tipo de câncer mais comum em mulheres.
Como se forma o câncer de tireoide.
A tireoide é um órgão do sistema endócrino, responsável por várias funções no metabolismo do nosso corpo. Ela se localiza no pescoço em frente ao “gogó” como observamos na figura abaixo, e as alterações que ocorrem nas células do órgão são o que dão início ao câncer.
Câncer é um termo que denomina uma doença maligna que se origina de um crescimento desordenado e anormal de células, das quais formam tumores.
Quando o câncer se origina em tecidos epiteliais, como por exemplo a pele ou mucosas, recebe o nome de carcinomas.
O carcinoma é formado a partir das células que compõem a tireoide, são elas: células foliculares e as células C (parafoliculares), que influenciam no tipo de câncer, no nível de agressividade de cada neoplasia e no seu respectivo tratamento².
Existe mais de um tipo de câncer de tireoide.
Os tipos de cânceres de tireoide são:
- Carcinoma papilífero: é o tipo mais comum de câncer na tireoide, cerca de 70 a 85% da incidência é representada por esse tipo. Pode ocorrer em qualquer idade. Possui um crescimento lento e em alguns casos se espalha para os gânglios linfáticos. Apesar disso, possui uma alta taxa de cura.
- Carcinoma folicular: menos comum que o papilífero, e representa 10% dos casos de câncer de tireoide.
- Carcinoma medular: um tipo raro, afeta 5% dos pacientes diagnosticados com câncer, sendo que 25% dos casos de câncer medular de tireoide são hereditários¹.
- Carcinoma anaplásico: é o tipo de câncer de tireoide mais agressivo, e tende a responder pior ao tratamento. Ocorre em cerca de 1 a 2% dos casos, em sua grande parte em mulheres acima dos 60 anos.
Sintomas mais comuns do câncer de tireoide.
Os sintomas mais comuns³ de um possível câncer de tireoide são:
- Nódulos ou caroços no pescoço, visíveis e palpáveis, ou não. Geralmente não causam dor;
- Inchaço no pescoço;
- Dor na região frontal do pescoço.
- Rouquidão ou dificuldade para falar.
- Dificuldade para engolir;
- Dificuldade para respirar;
- Tosse constante não relacionada com doenças gripais.
Esses sintomas também podem ser causados por outras doenças, por condições não cancerígenas ou até mesmo outros tipos de câncer na região da cabeça e pescoço.
Vale lembrar que o câncer de tireoide geralmente se apresenta como um caroço ou nódulo na tireoide, mas na grande maioria dos casos, os nódulos na tireoide não são indicativos de câncer, e em grande maioria são benignos. Caso você sinta alguns desses sintomas, converse com seu médico.
Diagnóstico de câncer na tireoide
Frequentemente os nódulos na tireoide são encontrados incidentalmente, em um exame na região do pescoço, ou exame de imagem como tomografia computadorizada ou ultrassonografia.
No geral, os exames de sangue como o TSH, não ajudam a encontrar ou diagnosticar o câncer de tireoide, pois geralmente os seus resultados são normais mesmo quando o câncer está presente².
Quando um nódulo é detectado e suspeito ao ultrassom, o médico geralmente recomenda a punção (PAAF). Esta indica com maior clareza as características das células presentes daquele nódulo e consegue dizer com maior exatidão se ele é câncer ou não.
Porém, até 30% das amostras de PAAF são classificadas como indeterminadas, isso significa que a punção não conseguiu dizer se aquele nódulo é um câncer ou não.
O que fazer quando a punção é indeterminada?
A conduta médica mais comum quando um nódulo é classificado em indeterminado é a realização de uma cirurgia diagnóstica. Esse procedimento consiste na remoção parcial ou total da tireoide e posterior análise do nódulo, que identifica se ele era (ou não) maligno.
Uma alternativa às cirurgias diagnósticas, é a utilização do teste molecular mir-THYpe full. A partir da PAAF já feita pelo paciente, o teste consegue informar se o nódulo originalmente indeterminado é potencialmente “benigno” ou “maligno”, podendo evitar cirurgias, caso o nódulo seja reclassificado em benigno.
O que fazer caso o nódulo tenha indicação cirúrgica?
O tratamento dos cânceres de tireoide, na maioria das vezes, começa na cirurgia. Porém, é importante dizer que a extensão da cirurgia varia de acordo com cada caso, como por exemplo, a remoção apenas do lobo envolvido com o câncer, chamada de lobectomia, ou até a remoção de toda a tireoide, chamada de tireoidectomia total.
Os testes moleculares podem ser úteis nesse caso, o mir-THYpe pre-op analisa marcadores moleculares do nódulo que podem predizer a agressividade do nódulo e com isso auxiliar o médico no planejamento personalizado da extensão da cirurgia que o paciente precisará realizar.
Saiba mais como os testes moleculares podem ajudar na jornada do paciente com suspeita de câncer na tireoide.
Importante ressaltar que o texto tem caráter informativo, e suas informações não substituem uma consulta médica. O manejo de cada paciente deverá sempre ser definido pelo médico que o acompanha.
Referências:
- INCA – Instituto Nacional de Câncer – https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/2243/1394 / https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/tireoide
- American Thyroid Association – https://www.thyroid.org/thyroid-cancer/
- American Cancer Society – https://www.cancer.org/cancer/thyroid-cancer/detection-diagnosis-staging/signs-symptoms.html