Tudo o que você precisa saber sobre o câncer.

O câncer é uma doença que assusta pacientes e familiares, além de gerar muitas dúvidas. Ao longo deste texto vamos tirar as principais dúvidas sobre o tema, de forma simples, porém completa.

Antes de explicarmos o que é o câncer, vamos falar um pouco sobre as proporções que essa doença possui no Brasil.

 

A incidência do Câncer no Brasil.

O câncer é um importante problema de saúde, não só no Brasil como no mundo, pois apresenta uma alta taxa de mortalidade e elevados custos associados. O INCA (Instituto Nacional do Câncer) publicou a estimativa de incidência de câncer para os próximos anos, sendo esperado 704 mil novos casos por ano no Brasil, destaque para as regiões sul e sudeste, que concentram cerca de 70% dessa incidência.

 

O que é câncer?

Câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas, como câncer de mama, pele, tireoide, entre outros, que se originam de um crescimento desordenado e anormal de células que formam tumores. Ele pode acometer qualquer tecido ou órgão do corpo humano, podendo, em alguns casos, se espalhar para lugares diferentes de onde o tumor se iniciou.

Existem vários tipos de câncer, o que muda entre eles são os tipos de células das quais ele é composto. Quando o câncer começa em tecidos epiteliais, como a pele ou mucosas, damos o nome de carcinomas. Se o início dele for nos tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas¹.

 

Como o câncer surge?

Nosso corpo é formado por bilhões de células, que unidas formam tecidos e órgãos. O funcionamento normal de uma célula ou tecido existe graças a um equilíbrio estabelecido entre a proliferação e a morte dessas células, que ocorre de forma ordenada.

Quando esse equilíbrio entre multiplicação e morte das células é perdido, elas passam a se multiplicar de forma anormal, o que cria uma massa de células desordenadas que chamamos de tumor.

Isso acontece a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração no DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para seu funcionamento. Essas mutações genéticas são responsáveis pela geração de células cancerosas, portanto, estão presentes em todos os tipos de câncer.

O caminho de transformação de uma célula normal para uma célula cancerosa é chamado de carcinogênese, no geral esse processo ocorre lentamente, mas existem diversos agentes cancerígenos, que podem acelerar o processo de diferenciação celular e formação do tumor.

A medida que o câncer vai progredindo pode acontecer das células cancerosas se desprenderem do tumor e atravessarem a parede dos vasos sanguíneos, a partir disso caem na circulação e podem se espalhar para outros tecidos distantes de onde o tumor se originou, chamamos esse processo de metástase.

O câncer que sofreu metástase recebe o nome de tumor metastático. A metástase tem características celulares do seu local de origem, não do órgão ou tecido onde foi localizada e isso é importante para o tratamento do tumor. Por exemplo, caso um câncer de próstata se dissemine para o fígado, ele ainda é chamado de câncer de próstata metastático, pois foi lá que ele se iniciou.

Existem também os chamados tumores de sítio primário desconhecidos, nesses casos não é possível determinar a origem do câncer, pois somente suas metástases são encontradas nos exames.

 

Todo tumor é maligno?

Não, existem os chamados tumores benignos. Eles crescem lentamente e não possuem a capacidade de invadir outros tecidos. Esses tumores podem causar incômodo caso cresçam demais e pressionem outros órgãos ou tecido, na maioria das vezes podem ser removidos com cirurgia.

 

Todo tumor maligno pode gerar metástases?

Não necessariamente. A capacidade de um tumor maligno gerar metástases depende do seu grau de evolução e de sua agressividade. Quanto antes um tumor maligno for detectado, menores as chances de chegar em um estágio metastático.

 

As causas do câncer e como podemos nos prevenir.

Como explicamos anteriormente, por existir tipos diferentes de cânceres, por muitas vezes é difícil determinar a causa exata do seu aparecimento.

Podemos dividir em dois tipos de fatores que influenciam o aparecimento do câncer, são eles:

  • Fatores internos do paciente, ou seja, doenças hereditárias (passada de pais para filhos) e questões imunológicas da própria pessoa, (imunossuprimidos, por exemplo).
  • Fatores externos, ou seja, questões que influenciam na vida da pessoa, mas que não é inata a ela, como poluição, infecções, radiação solar, além de questões de estilo de vida da pessoa, como tabagismo, sedentarismo, etc. Os fatores externos podem ser prevenidos e em alguns casos até evitados.

São conhecidas diversas substâncias cancerígenas, ou seja, que aumentam a velocidade de formação dos tumores e que podem ser evitadas, como cigarros e radiação solar. Vamos citar alguns exemplos e como você pode manter um hábito de vida mais saudável.

  • Tabagismo: um dos maiores vilões da nossa saúde é o cigarro. Ele possui diversas substâncias que podem influenciar no aparecimento de um câncer.
  • Exposição a radiação solar: a exposição excessiva a raios ultra violetas é danoso ao nosso corpo e pode ser a causa do surgimento de câncer de pele. Use protetor solar e evite a exposição nos horários de maior intensidade de sol.
  • Álcool: é um fator de risco para surgimento de diversos tipos de câncer, como o de boca e língua. Além de trazer diversos outros malefícios pro corpo quando ingerido em excesso.
  • Sedentarismo e má alimentação. Manter hábitos de vida saudáveis como exercícios físicos e ingestão de alimentos naturais, menos processados e uma dieta balanceada trazem diversos benefícios à saúde.
  • Fatores ocupacionais. Existem algumas profissões que estão mais expostas a agentes cancerígenos, como: ar poluído, radiação, produtos químicos, etc.

 

Diagnóstico do câncer

Cada câncer pode ter uma especificidade diferente, tanto no nível de agressividade, como na forma em que se manifesta, por isso pode ser necessário um ou mais exames que diagnosticam se o tumor ou nódulo é maligno.

O começo do diagnóstico pode passar por alterações em exames de rotinas, nódulos, dores e mal súbito entre possíveis sintomas.

À primeira vista, é considerado histórico familiar e de saúde do paciente, fatores de predisposição ao câncer e exposição ambiental, ou seja, se o paciente é tabagista, sedentário ou foi exposto a substâncias cancerígenas com frequência.

Alguns tipos de câncer se manifestam com maior evidência física que outros, como os de pele, próstata e mama, por exemplo. Muitas vezes apenas o exame físico não consegue dizer com clareza se a enfermidade se trata de um câncer, porém ele pode ser útil como orientação para os próximos passos de um diagnóstico mais preciso.

Exames de imagem, biópsia do tumor e marcadores tumorais séricos ou moleculares podem ser utilizados sozinhos ou em conjunto para indicar ao médico, com maior precisão, se a enfermidade é um câncer ou não.

  • Exames de imagem podem determinar alterações nos tecidos, verificar se o tumor ou nódulo é sólido ou cístico, delimitar as dimensões e a relação com as estruturas próximas, pois caso tenha a indicação de biópsia ou de cirurgia esses exames podem servir para avaliar se mais tecidos serão atingidos.
  • A biópsia é uma ferramenta muito útil para o diagnóstico e é frequentemente indicada quando existe suspeita de câncer. Ela retira um pedaço do tecido, e a partir disso proporciona uma análise laboratorial muito mais detalhada daquele nódulo, que em alguns casos consegue definir se aquela amostra é câncer ou não.
  • Exames moleculares. A partir de uma amostra do tumor/nódulo coletada, exames moleculares conseguem identificar mutações nos genes do paciente e com isso podem indicar se o tumor é ou não maligno.

Os testes moleculares oferecem diversas ferramentas para diagnóstico, monitoramento, prognóstico e tratamento do câncer. O mir-THYpe full, por exemplo, consegue dizer com alta precisão se um nódulo na tireoide é potencialmente benigno ou não a partir da análise de marcadores de microRNA.

Além disso, o exame também analisa marcadores prognósticos do nódulo caso o resultado do teste seja potencialmente maligno, o que indica se o nódulo é mais ou menos agressivo, auxiliando no planejamento da extensão e urgência cirúrgica que o paciente precisará passar nesses casos.

Saiba como testes moleculares podem ajudar no diagnóstico de nódulos de tireoide e no manejo médico.

 

Como é o tratamento de câncer?

É importante lembrar que o tratamento depende do tipo de câncer e do estágio em que se encontra e a definição do tratamento é feita pelo médico e paciente. Grande parte dos cânceres são curáveis, principalmente se detectados em estágios iniciais, por isso a importância de se consultar com um médico e exames periódicos em grande parte dos casos. Confira alguns dos tratamentos possíveis:

  • Cirurgia: A cirurgia oncológica consiste na retirada do tumor por uma operação no paciente.
  • Radioterapia: uma opção de tratamento onde se utiliza radiação ionizante com o objetivo de destruir as células do tumor, ou impedir que elas se multipliquem. Muitas vezes é indicada após a cirurgia para complementar o tratamento.
  • Quimioterapia: utiliza-se de medicamentos para combater o tumor. As substâncias entram na corrente sanguínea e são levadas a toda parte do corpo, visando destruir e impedir que as células formadoras de tumor se multipliquem.
  • Imunoterapia: é um tipo de tratamento biológico que tem como objetivo combater o avanço da doença pela ativação e potencialização do próprio sistema imunológico do paciente. A sua interação com outros tipos de tratamento pode ser ainda mais eficaz.
  • Transplante de medula óssea: tipo de tratamento geralmente utilizado em leucemias e linfomas. Ele consiste na substituição da medula óssea doente por uma saudável. Essa troca é feita por um transplante que vem de um doador (transplante alogênico) ou do próprio paciente (autogênico).

Cada paciente tem sua história, e o tratamento deve ser feito com acompanhamento de profissionais de saúde e de forma personalizada. Esse texto tem caráter informativo e não substitui uma consulta médica.

 

Referências

  1. INCA – Instituto Nacional do Câncer (https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/como-surge-o-cancer)
  2. Oncoguia – (http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-cancer/12/1/)
  3. Hanahan D, Weinberg RA. Hallmarks of cancer: the next generation. Cell. 2011 Mar 4;144(5):646-74. doi:10.1016/j.cell.2011.02.013. PMID: 21376230.
Marcos Santos, Ph.D
Biólogo molecular, pesquisador, doutor em genética humana e fundador da Onkos Diagnósticos Moleculares